quarta-feira, 9 de setembro de 2009

V Encontro PSI

Procurarei resumir as conclusões e pontuar aquilo que me pareceu mais interessante dentre os conteúdos científicos explanados e debatidos nos dias 4, 5 e 6 de setembro último no V Encontro PSI. O Evento Ocorreu na cidade do Recife, organizado pelo IPPP (Instituto Pernanbucano de Pesquisas Psicobiofísicas).

Sabemos que o método científico frequentemente constitui-se no engenho de nada afirmar, apenas apontar resultados de experiências e suas possíveis conclusões. Não raro, um mesmo estudo acaba por propor mais de uma explicação, de forma que alguns materiais apresentados tornam-se um tanto vagos. Isto ocorre em todas as diversos campos de estudos científicos.
Neste encontro havia pesquisadores de parapsicologia, interessados no tema, e profissionais de outras áreas como física engenharia, psicologia, psiquiatria, neurologia, filosofia, etc. Alguns trabalhos apresentados trouxeram informações relevantes e até mesmo intrigantes sobre a consciência e a "variedade de experiências humanas", conforme proposto pela organização do evento.

PSI são todos fenômenos que se relacionam à mente humana e que não se encaixam no estudo da psicologia convencional, como por exemplo telepatia, reações de geradores de padrões aleatórios de eventos, sonhos premonitórios, mediunidade, cura à distância, psicocinesia e outros.
Estes estudos tendem atualmente a ser chamados "Psicologia Anomalística", termo usado pelo professor Wellington Zangary, da USP, e que vem se difundindo nos meios acadêmicos, segundo o autor. Ou seja: trata-se de uma psicologia que trata daqueles fenômenos produzidos pela mente , mas que não são quotidianos, e por isto ditos anômalos.


Uma das primeiras conclusões do evento foi a de que fenômenos PSI não são tão anômalos assim, uma vez que ocorrem frequentemente na população. Segundo uma pesquisa realizada na própria USP, cerca de 72 por cento das pessoas entrevistadas relataram já ter experimentado alguma vez na vida um fenômeno destes. A prevalência foi igual para homens e mulheres, embora os primeiros apresentem maior resistência a falar do assunto. Outros estudos realizados em diferentes países como EUA e Canadá, apresentaram taxas de incidência de fenômenos anômalos acima de 50 por cento. Isto foi mostrado para que se retire de cena a idéia preconcebida de que uma experiência PSI sinaliza uma anormalidade do sistema nervoso. PSI, para muitos pesquisadores é um mecanismo inato, um modo de funcionamento primitivo da psiquê humana que remonta aos primórdios de nossa evolução e que pode manifestar-se sem significar psicopatologia.

Observou-se entre os próprios participantes do evento uma maior disposição e coragem para relatar suas próprias expêriencias, ou experiências observadas por eles ao longo de suas trajetórias como estudiosos do tema. Isto há alguns anos não seria possível, visto que o tema era envolto em uma série de tabus que poderiam comprometer a imagem do profissional que os relatasse. Considerei este um avanço interessante. Também tratou-se do tema como auxiliar pessoas que começam a vivenciar fenômenos ditos PSI, como representações de seu próprio inconsciente, mas que com frequência geram muita ansiedade e confusão. Para tal existe a clínica em parapsicologia onde as pessoas são orientadas sobre as habilidades de suas próprias mentes e a capacidade destas de produzir fenômenos estranhos e algumas vezes assustadores como a psicocinesia, por exemplo.

A existência da psiquê coletiva e sua capacidade de influenciar geradores de eventos aleatórios foi um dos temas abordados pelo professor Stanley Krippner, doutor em psicologia e renomado pesquisador na área dos estados alterados de consciência, da Universidade Saybroock (San Francisco). Conforme explicou o palestrante, há mais de cincoenta aparelhos geradores de eventos aleatórios espalhados ao redor do mundo. Estes aparelhos geram sequências de números ou acendem luzes de determinadas cores de forma aleatória. Não há nenhum controle (ao menos consciente) dos pesquisadores sobre o mecanismo. Qual é o objetivo destes aparelhos? Observar que capacidade tem a consciência humana de influênciá-los; ou seja como a consciência individual ou coletiva pode produzir eventos físicos.
Segundo Dr Krippner há padrões médios calculados por cientistas que monitoram estes geradores de eeventos aleatórios. Porém quando ocorrem fatos significativos no mundo, em especial quando existe uma grande comoção, os padrões tornan-se totalmente alterados. O maior exemplo, segundo ele, foi a morte da princesa Diana. Muitas pessoas com a consciência focada num evento e comovidas produziram alterações muito significativas nestes aparelhos. Confirmando assim a hipótese da física de que a expectativa do observador influi sobre os fenômenos.

Mais marcante ainda foi o relato deste mesmo palestrante sobre os dias que antecederam o 11 de setembro, e a queda das torres gêmeas. Cerca de quatro dias antes do ataque terrorista os geradores aleatórios de ventos começaram a mostrar alterações que cresceram gradualmente até atingir um pico imediatamente antes do acontecimento. É um caso muito interesssante pois as pessoas não sabiam da possibilidade de um ataque terrorista, todos foram pegos de surpresa. Perguntei ao Dr Krippner se ele, pessoalmente, acreditava na existência de extratos de uma psiquê coletiva como dimensão ativa, invisível, que estivesse tentando avisar sobre o que ocorreria. Ele respondeu que sim, certamente. E acrescentou: "se o governo norte americano fosse mais criativo saberia que é mais fácil e mais barato cuidar da segurança desta forma".

Como o Dr Krippner havia feito menção a seus estudos sobre médiuns brasileiros, pedi-lhe que comentasse a frase de C. G. Jung " ...enquanto os homens creem nos espíritos do alto, os espíritos estão no alto". Ele então respondeu: "certamente a humanidade precisa de todo tipo de auxílio para a elevação de sua consciência. Os arquétipos são forças da natureza, são espíritos do mundo, e não é por acaso que existe o sincretismo religioso. Arquétipos são forças que estão em toda parte e pode ser representados de muitas formas."
Então, vejam só: um respeitadíssimo pesquisador, com uma longa trajetória no estudo da consciência humana, declara crer na existência "dos espíritos do mundo" como forças atuantes sobre nossa dimensão e capazes de nos auxiliar. Isto é realmente uma mudança de paradigma.

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