Existem muitos fatores que afetam a produção de energia no corpo humano, em especial a produção de energia psíquica. Isto irá influenciar diretamente nossa qualidade de vida, nosso humor, capacidade de relacionamento e criação, por exemplo. Dependendo de nosso nível de energia mental, potenciais inatos poderão ou não se manifestar. A falta de energia pode bloquear talentos e estimular comportamentos audestrutivos.Tudo isto está claramente reacionado à problemática da atualidade em que é crescente a incidência de transtornos como depressão e ansiedade, abuso ou dependência ao álcool e outras drogas, violência, e descompensações extremas que levam ao estresse físico e emocional. Estas condições são visivelmente originadas disfunções energéticas do psiquismo.Muitas vezes estas disfunções se relacionam à hiperestimulação e agitação excessivas. Podem estar associadas à ausência de vínculos afetivos satisfatórios, insegurança, condições desfavoráveis do meio ambiente. Consideremos ainda, como causa de doenças e desequilíbrios energéticos as dificuldades que nosso mundo pode oferecer à liberação de potenciais criativos dos indivíduos. Muitos pacientes atendidos por mim com estes transtornos pareciam não ter fontes de energia suficiente em sua existência subjetiva. Faltava-lhes algo no coração que lhes desse a necessária motivação para manter-se em níveis fisiológicos de neurotransmissão. O enfraquecimento da alma se reflete na química. Não há mais lugar para o pensamento que segmenta o ser biológico e o ser sensível: biologia e sensação são ambos processos físicos tangíveis e interligados.Na clínica psiquiátrica, somado a isto é comum que se detecte déficits de neurotransmissores causados por seu uso excessivo. A fim de corresponder a uma demanda muito alta gerada pelo meio, precisamos consumir enormes quantidades de nossa preciosa energia.Deve-se considerar com muita atenção esta relação entre padrões e valores culturais e as condições que influenciam a produção e consumo de energia psiquica.De uma forma geral, podemos perceber o sentimento de solidão muito presente nos pacientes. Muitas modificações ocorreram na sociedade e, se por um lado o indivíduo contemporâneo ganhou liberdade, por outro lado cresceram as exigências e acelerou-se demasiadamente o ritmo da vida. Os vínculos afetivos hoje tendem a ser menos estáveis e a vida nem sempre ocorre num grupo familiar ou social acolhedor. Há maior competitividade nos ambientes de trabalho e também aí os vínculos são mais incertos. Temos um meio cultural ruidoso e hiperestimulante, cheio de ofertas de prazer fácil e com muitas exigências e incertezas jogadas sobre nós.Por fim, ocorreram profundas mudanças na relação do homem com os seus conteúdos inconscientes inatos ou arquetípicos, dos quais o indivíduo contemporâneo passou a descrer e afastou-se. Este afastamento da vida simbólica também pode ter seu papel nas mudanças energéticas e comportamentais dos indivíduos. Os homens precisam de seus símbolos, pois eles representam as forças constituintes de seu inconsciente e do universo.O inconsciente não é uma dimensão inerte, é um conjunto de forças que, de um modo ou de outro, acabam influenciando as consciências individual e coletivamente. A relação com esta dimensão, inconsciente porém viva, sempre existiu ao longo da trajetória humana e sua supressão ou negação não parecem viáveis. A fé é representada através do simbólico, expressas as relações do homem com as forças que estão em si próprio e na dimensão psíquica coletiva. Forças estas que podem ter caráter construtivo ou destrutivo.Portanto, há muitas razões para o homem contemporâneo apresentar alterações emocionais e físicas que se refletem negativamente no seu balanço energético. Este mundo que criamos que parece dizer-nos constantemente corra, corra, é um mundo alucinado e alucinante; cheio exigências que muitas vezes ultrapassam nossam forças.As fontes de nossa energia vem de tudo que nos liga à vida, ao amor, à sensação de sermos queridos e acolhidos, vistos e cuidados. Vem da nossa atenção genuína para com o outro, da civilidade e cortesia das relações. Vem de podermos estabelecer uma relação harmoniosa com o mundo e com nossa própria natureza, ao invés de tentarmos modificá-los em nome de uma supostamente mais eficiente e racional sociedade. Uma sociedade onde não há tempo para existirmos e os sentimentos muitas vezes parecem meros impecilhos que devem ser logo removidos pela razão fria e absoluta, esta que esta sempre a obrigar-nos a cumprir metas. "Não sois máquinas, homens é que sois, disse Charles Chaplin há tantos anos, prevendo o desenrolar dos fatos.
*Este artigo é uma espécie de resumo da idéia contida no livro A Lógica da Emoção. da Psicanalise à Fisica Quantica. Já falei dele anteriormente.
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